quarta-feira, 15 de maio de 2013

David Foster fala sobre Michael Jackson


“Michael também era alguém interessante para se passar o tempo. Quanto melhor eu o conhecia, mais indescritível ele parecia. Em um momento, com uma voz de menino, ele xingava o chefe da Sony Music. “Aquele Tommy Mottola é uma pessoa malvada”, ele dizia, parecendo uma criança de seis anos. No estúdio, ele era um profissional, um cara normal, e nós nos conectávamos. (Ele me parecia Frank Sinatra e Gene Kelly em uma só pessoa). E com Lisa Marie Presley, com que ele estava namorando na época, ele era outra pessoa completamente diferente.

Curiosamente, a minha então esposa Linda tinha namorado Elvis, então ela e Lisa realmente se conheciam muito bem. Pode-se dizer que por um tempo, Linda tinha desempenhado o papel de madrasta da Lisa.

Enfim, as crianças estavam fazendo uma visita – três das minhas filhas e dois filhos de Linda – e uma noite eles decidiram que queriam ir ao cinema. Nós estávamos hospedados no Plaza Hotel, e Michael havia alugado para mim uma suíte magnífica que devia ter umas seis camas. Era um palácio

“Eu não posso ir ao cinema”, Michael disse. Nós todos sabíamos o que ele queria dizer: ele não conseguia sair em público sem criar todo aquele alvoroço entre os paparazzi. E uma das crianças falou, “Nós podemos vestir e disfarçar você.”

E foi o que eles fizeram. Eles desceram no elevador e foram até a suíte dele, e o vestiram com suas próprias roupas. Colocaram um cachecol nele, algum jeans, e colocaram seu cabelo por baixo de um boné e então viraram o boné para o lado, no estilo gangster. Michael não tinha problema em esconder o cacho, porém ele queria que ficasse do lado de fora, na testa, para o mundo inteiro ver.

As crianças disseram a ele que ele tinha que esconder aquele cacho, porque era inconfundível, mas ele foi inflexível. “Não, não, eu tenho que ficar com o cacho pra fora,” ele disse. Eu achei aquilo muito revelador. Ele não queria ser visto, mas ele meio que queria ser visto – o que eu imagino que seja o problema normalmente quando se é famoso.

Então eles discutiram sobre qual filme assistir. Meus filhos votaram por ‘Velocidade Máxima’; Michael estava mais interessado em ‘Um Jogo Divertido’. Hmmm.

Tinha o manobrista que estava com a van por ali, e nós nos amontoamos, sem incidentes. Havia alguns paparazzi na frente, mas eles devem ter olhado pra nós e percebido que não éramos ninguém

E foi muito interessante, porque Michael e Lisa Marie se separaram quando todos entraram na van amontoados, e estava claro que ele queria que ela sentasse ao seu lado. No caminho do cinema, ele se virou para ela e disse, “Lisa, aqui. Venha. Sente aqui.” Ele falou isso como qualquer homem normal, não com aquela voz de criança dele. Foi tipo ‘Você vai vir sentar comigo, mulher’, e ela foi. Eu fiquei muito impressionado, mas também confuso. Quero dizer, quem era esse cara?

Talvez ela tenha liberado a testosterona nele. Sei lá. Mas de uma coisa eu sei: Ela o amava. E aquele relacionamento se tornou um dos maiores pesadelos dos tablóides de todos os tempos.


- David Foster



David Foster produziu Smile do album HIStory

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